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Sobrevivi e estamos vivendo mais leves

 

Hoje o texto é de uma antiga colega de trabalho. Cheguei a substitui-la muitas vezes já que sua segunda gravidez exigiu repouso dela. Uma mulher inteligente e forte; essas são minhas memórias dela. Nos reencontramos através do meu blog e meu queixo caiu quando ela me contou que estava se separando. Ela terá que escrever um segundo texto pois seu divórcio teve outros desdobramentos os quais ela também soube conduzir brilhantemente.

“Estava assistindo aos stories da Tarsila, do @meutommaternal (sempre assisto, adoro, comento, encaminho…) e resolvi criar vergonha e escrever.

Faz um tempo que nos reencontramos, graças ao blog dela e ao Insta, e eu estava passando pelo meu divórcio na época.

Fui casada por 15 anos, namorada por quase 20 anos, amigos por 23 anos. Tivemos dois filhos maravilhosos, hoje com 5 e 12 anos. Em muitos aspectos, o fim do meu casamento foi um momento de perda de identidade. Não sabia mais quem eu era, depois de mais da metade da minha vida com aquela pessoa.

Percebi que sempre procuramos um culpado para um divórcio. Ainda mais quando foram tantos anos casados, tantos perrengues superados, dores e conquistas. Precisamos culpar: a culpa foi de quem quis ir embora, foi do que negligenciou (ao outro ou a si), foi da rotina, foi do outro…

Hoje, acho que ninguém nem nada têm culpa. Tenho a impressão de que relacionamentos talvez tenham um objetivo (nem que seja crescimento espiritual dos envolvidos) e que eles tem um curso. Uma vez cumprido o curso, sei lá, talvez não exista um porquê estar juntos. Não sei, talvez volte a pensar que faltou esforço, que faltou cumplicidade. Haja terapia (hahaha)! Mas hoje, por hora, acho que nosso relacionamento cumpriu seu papel. Fiz muitas coisas somente por estar casada com aquela pessoa e, mesmo que não houvesse mais nada, tive meus dois meninos.

Nosso casamento não ia bem, nenhum dos dois estava feliz. Mesmo assim, foi uma surpresa quando, após uma briga ridícula, ele disse que ia embora. Um adendo, meus pais se divorciaram quando eu tinha 7 anos e meu irmão tinha 3 e foi muito difícil para mim, por isso, nunca quis isso para meus filhos. Na época, J. estava com 10 e L estava com 3. Eu achava 3 tão pequeno! Me desesperei. Implorei pra ele ficar, sugeri terapia de casal, sugeri que viajássemos só nós dois, sugeri date nights… Ele estava decidido. Ainda assim, demorou quase um mês para realmente sair de casa (melhor dieta da vida! Hahaha perdi 8 kgs em 21 dias). 

Aí, um sábado de manhã, ele saiu de casa. E o mundo não acabou. E ninguém morreu por causa disso. Pode parecer estranho, mas acho que eu estava separada muito antes disso. Foi só a consumação de uma coisa que já vinha acontecendo há tempos, há anos (depois, numa discussão por whatsapp – porque, né, coisa de adulto hahaha – ele me confessou que estava infeliz comigo oito anos antes de sair de casa. OITO ANOS!!!! Vou confessar que eu não estava infeliz há tanto tempo, pelo menos não conscientemente).

Enfim, o mundo não acabou, eu ainda tinha os meninos, que precisavam de mim. Meus pais foram sensacionais. Amigos antigos ajudaram demais, nem que fosse oferecendo o ombro pra eu chorar ou pra se indignar com o que veio depois. Amigos novos e sensacionais surgiram.

Ele saiu no sábado e eu tive minha primeira reunião com advogado na segunda. Até hoje ele diz que fui eu quem pediu o divórcio. Sim, fui eu. Depois de ele sair de casa. Não sei bem o que ele imaginou que fosse acontecer. Talvez um dia eu pergunte mas é provável que não. Nesse ponto (e talvez isso seja mais comum do que eu pense) ele ainda era possessivo. Ele chegou a sugerir uma “manutenção” hahahaha, tipo, quando desse vontadinha, ele ia aparecer na minha casa e cuidar dos meus “encanamentos”. Parece piada, mas aconteceu de verdade. Ele também falava que a gente não sabia o futuro. Mas veja, eu estava tentando salvar meu casamento. Ofereci até mantermos um casamento de fachada, que ele poderia fazer o que quisesse, desde que fosse discreto, até o L. ser um pouco mais velho. Mas ele sair de casa foi o fim. Pra mim, foi como se terminasse um livro, sabe? Mas sem necessidade de parte 2, por favor.

Fui, aos poucos, me redescobrindo. Percebi que, ao longo do meu relacionamento, fui me anulando, fui me moldando ao que meu ex-marido achava ser um ideal de esposa. Comecei a me vestir de forma mais conservadora, deixar meu cabelo do jeito que ele gostava. Parei de falar com certos amigos que não gostavam dele, me afastei da minha família… então, a separação foi um renascimento. Me descobri mais forte do que imaginava. 

Fui, aos poucos, voltando a fazer coisas que eu amava, como cantar, desenhar… voltei a usar maquiagem, a usar roupas que combinavam mais comigo… fiz amizades incríveis que me ajudaram a passar o tempo longe dos meninos. Descobri os aplicativos hahahaha.

Fui, aos poucos, recuperando minha auto-estima. Na minha cabeça, eu estava fadada a ficar #foreveralone. Quem ia me querer? Professora de 40 anos, divorciada com 2 filhos. Estava conformada em ficar sozinha. Nesse ponto, os aplicativos me ajudaram. Eu sempre fui péssima para paquera, flerte. Nunca soube dizer se alguém era a fim de mim ou se estavam dando em cima. Nem nunca soube mostrar meu interesse. Então os aplicativos tiraram essa pressão. Se eu estava saindo com fulano era porque havia um interesse. E descobri que eu era mais interessante do que eu pensava. 

A vida ficou mais leve. Em casa, a gente começou a acordar com música, a rotina ficou mais feliz. Os meninos também perceberam que mudamos para melhor, apesar de eu saber que, lá no fundo, eles queriam a família tradicional. Acho que estamos num trabalho para mudar esse paradigma. Estamos numa vibe de “o melhor é quando estamos felizes”. E, por enquanto, isso basta. “

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