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Existe vida após divórcio.

Pessoal, hoje quem escreve é uma leitora querida do meu blog. Nos conhecemos através dele mas ela é uma grande amiga de uma amiga minha. Aquelas coincidências que nos conectam a todos o tempo todo. Fiquei sabendo da separação dela quando meu blog ainda nem existia. Hoje ela assume a coluna Inspirações e conta um pouco do que viveu e aprendeu após se divorciar. Segue o texto para vocês.

“Há quase um ano eu tinha um filho de 1 ano e 2 meses no colo e vi o pai dele sair de casa de uma forma muito complicada. Depois de uma discussão feia eu pedi um tempo pra esfriar minha cabeça e que ele passasse uns dias na mãe dele até a poeira baixar e ele foi. Dois dias depois voltou com a mãe e várias malas e levou todas as coisas dele embora.O que veio depois disso foram dias extremamente difíceis, confusos, complexos e sem nenhum entendimento da minha parte do que estava realmente acontecendo. A principio me senti aliviada, confesso. Nas primeiras noites com o pai longe meu filho passou a dormir a noite toda – coisa que não acontecia antes.

Passaram semanas e estávamos no final do ano, época de Natal e Ano Novo e as nossas brigas continuavam por vários motivos. Meu filho ia entrar no berçário apenas em janeiro e até lá eu não tinha com quem deixa-lo para trabalhar. Então eu e o pai sempre nos revezávamos nos cuidados com ele. Após a separação isso foi extremamente complicado.

Meu filho mamou no peito por 1 ano e quase 8 meses. Exclusivamente no peito. Desde os 5 meses tentei dar fórmula, leite, mamadeira e ele não aceitou de jeito nenhum. Então, abdiquei de muitas coisas para seguir amamentando ele. De alguma forma isso foi bom, pois no inicio da separação eu não tive que lidar com meu filho longe de mim.

Consultei uma advogada que me orientou sobre os próximos passos apenas 1 mês após nossa separação e descobri que eu estava fazendo tudo errado no meu casamento. Nossas contas bancarias, nossas contas de casa, eu não tinha absolutamente nenhum controle sobre isso, apesar de contribuir de alguma forma dentro dessa matemática. Eu ainda não acreditava que a separação era definitiva.

O tempo foi passando, a grana escassa, o meu filho fazendo adaptação na escola com 1 ano e 4 meses e eu sofrendo com a separação dele – o pai dele não teve um pingo de sensibilidade nesse momento. Ele achava que eu estava atrapalhando a adaptação na escola porque ele chorava toda vez que me via lá.

Um mês depois, meu filho estava 100% adaptado na escola, a separação consolidada na minha cabeça e no meu coração eu me senti pronta para seguir em frente.

Eu tive um sobrepeso pós gravidez que estava difícil de perder. Então logo que me separei, perdi alguns kilos – por volta de 5kg. Isso me fez ter uma auto estima melhor, me olhava no espelho e me sentia mais confiante, feliz com meu corpo voltando a ser o que era.

Chegou um dia que eu tive que liberar que meu filho dormisse na casa do pai. E eu deixei. Foi um dos dias mais difíceis pós separação, mas tirei esse dia pra cuidar de mim. Comprei um shorts, sapatos novos, lingerie nova. Tive uma noite incrível, porem ainda insegura e tensa, não sabia exatamente como me apresentar, o que contar, como reagir a elogios.

Amigos e amigas antigos reapareceram na minha vida pós separação e me ofereceram ombro amigo, almoço, ingresso de shows, colo, balada e eu fui falando muito mais sobre a separação. Foi a melhor coisa que fiz. Percebi que quando comecei a me abrir as coisas ficaram muito mais fáceis. Eu me sentia muito melhor quando eu falava disso como apenas uma parte da minha história. Não que eu estivesse menosprezando a separação, mas ela foi diminuindo a importância conforme minha auto estima ia subindo exponencialmente.

E daí, um dia indo a um show com uma amiga, ela comentou de uma rede social onde as pessoas se encontravam. E me contou a historia dela: ela e o namorado se conheciam, porém se encontraram lá e começaram a sair. Ela me incentivou a entrar na brincadeira também. Uma semana depois conheci um cara e descobrimos que a gente já se conhecia! Saímos e foi incrível!

Chegou o meu aniversário e eu convidei todas as minha amigas próximas – casadas e solteiras – que estavam me ajudando nesse processo doloroso da separação. Eu jurei que nesse ano meu aniversário ia ser meu renascimento – chega de sofrer! Vida que segue, vou ser feliz. Nesse dia, fomos num bar e um cara que eu nunca tinha visto na vida e que não imaginava nada da minha história me deu de presente três garrafas de champanhe. Parecia cena de filme, mas foi real.

Nessa hora, eu entendi o valor que tem a gente estar bem consigo mesma. Meu aniversário foi 5 meses depois da minha separação e eu estava tão bem, tão feliz, tão bonita. O mundo sorri pra gente, é a nossa energia que atrai coisas boas, amigos bons, bons lugares, bons encontros e ótimas histórias.

Depois disso, minha vida melhorou muito. Até mesmo meu trabalho. Foi difícil tirar o pé da lama, mas não pretendo entrar nela de novo. Quando decidi virar essa página percebi claramente a importância que a família e amigos tem na nossa vida. Foram eles meu pilar de sustentação todas as vezes que parecia que eu ia cair.

Aprendi muitas coisas no último ano da minha vida e uma delas eu tenho disseminado por aí: Livre-se da Culpa. A gente carrega culpa por tanta coisa na vida, não merecemos essa carga sobre nossas costas – se o seu casamento não deu certo, a culpa não é sua.

Fazer algumas compras, especialmente de lingerie nova teve um significado especial. Mas não comprei pra mostrar pra ninguém além de mim. Eu sou o motivo de estar usando peças novas, não preciso de ninguém pra dizer que ficou bem em mim, olho no espelho e fico feliz com o que vejo.

Ter um crush (ou vários). Eu tive um que foi muito importante pra eu “resetar” meu coração e recomeçar minha vida amorosa do zero. Ele é uma pessoa especial, me fez muito bem e até hoje mantemos contato. Existem homens incríveis no mundo – é difícil achar – mas tem.

Falar sobre o assunto abertamente, sem se envergonhar pelo que está passando, dividir seu sentimento e suas dúvidas faz muito bem pra gente. Ajuda inclusive a nos livrar do sentimento de culpa que tanto maltrata a gente nessa fase. E faz a gente restabelecer amizades e nos aproxima de outras que pareciam distantes.

Os dias sem os filhos principalmente no começo são bem difíceis. A separação do pai e da mãe implica na separação de ambos com o filho – mesmo que por poucos dias, é doloroso. Saber que aquele bebê que dorme grudado em você e acorda nas madrugadas te chamando não estará por perto é horrível. Porém, é inevitável. Tanto a mãe quanto o pai querem conviver com o filho então é justo dividir os dias da semana com ambos.

Portanto, faça valer a pena. Transforme os dias longe dos filhos em dias incríveis. Cuide de você, saia com as suas amigas, pratique um esporte, vá ao cinema sozinha, namore. Faça valer a pena essa distância entre mãe e filho e seja feliz nos momentos longe dele também.

Faça novos amigos (ou reencontre os antigos). Amigos são a família que a gente escolhe – tenho os mesmos amigos há mais de 20 anos. Mas me abri a ter novos amigos e principalmente amigas. Conheci outras mulheres separadas (Oi Tarsila! ) e me conectei com pessoas que eu sabia que já tinham passado por isso. E assim eu sigo, me conectando com mulheres que tiveram ou tem histórias parecidas com a minha. Se a gente chora uma no ombro da outra? JAMAIS. Nós saímos muito e nos divertimos a valer. Afinal de contas, mulheres solteiras e com filhos na responsabilidade do pai. Merecemos!

Entre outras coisas, eu me reconectei com quem eu era antes de namorar e casar. Voltei a frequentar os lugares que eu gostava, voltei a ler, a escutar musica, a pintar minha unha de vermelho. Parece bobo, mas não é. Separar é um reencontro com quem a gente era e muitas vezes temos uma grata surpresa a respeito de quem a gente era. Não tenho dúvida que sou uma versão muito melhor de mim depois da maternidade. Me sinto completa e agradeço todo dia ao meu filho ter me escolhido pra chegar a esse mundo. Seja feliz e livre-se da culpa!”

Um beijo,

Michelle

This Post Has 6 Comments

  1. Incrível depoimento!
    São histórias como essa que faz a gente sair da caixinha, sair da zona de conforto, “sair do salão de baile e ir para o mezanino” para avaliar o que estamos vivendo. Se esta valendo a pena…
    Parabéns! Guerreira, batalhadora e inspiradora. Siga firme! Seja feliz!

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